Bolsa Ernesto de Sousa
Sobre a Bolsa Ernesto de Sousa (1992–2013)
Em Portugal, há um tempo de antes e um tempo depois da Bolsa Ernesto de Sousa.
Nos seus 20 anos de existência, esta iniciativa de homenagem ao artista pluridisciplinar que inspirou várias gerações do experimentalismo e da vanguarda portugueses mudou radicalmente o cenário da arte intermedia neste país. Músicos começaram a trabalhar com o espaço, com vídeo, com objectos, e artistas visuais e performers viraram-se igualmente para o som.
Com o apoio da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (1992–2013) e da Fundação Calouste Gulbenkian (1996–2013), foram vinte os bolseiros que partiram para Nova Iorque a fim de estagiarem e desenvolverem novos projectos na Experimental Intermedia Foundation (EIF), fundada, em 1968, por figuras de topo do experimentalismo artístico norte-americano, como John Cage e Elaine Summers, e que desde então tem sido um fundamental pólo de criatividade para músicos e artistas intermedia de várias tendências. Recebeu-os e orientou-os o compositor, cineasta, videasta e fotógrafo Phill Niblock, companheiro de percurso de Ernesto de Sousa e director da EIF, pioneiro na arte dos sons e da imagem, cujos filmes exploram a repetição dos movimentos (excepção para o filme que realizou sobre Sun Ra, o seminal The Magic Sun).
Phill Niblock colocou os bolseiros em contacto directo com criadores como David Behrman, Ron Kuivila, Anthony Braxton, Thurston Moore, Gerd Stern, entre muitos outros. Sendo ele o programador do “Festival with No Fancy Name” na EIF, foi no contexto deste evento anual que os vencedores da Bolsa Ernesto de Sousa apresentaram em Nova Iorque os seus projectos.
De salientar também as personalidades convidadas por Niblock para integrarem o painel do júri durante duas décadas de selecção.
Com isto, fez-se história: entre esses bolseiros muitos encetaram aclamadas carreiras internacionais.