Bibliografia

1ª Semana de Arte e Folclore Africano

1ª Semana de Arte e Folclore Africano, Lisboa, Clube Universitário de Jazz
Janeiro de 1961

Ainda não há muito tempo era corrente dizer-se: África é um continente sem história. Hoje sabe-se bem que esta ideia não passava de preconceito, bom para arrumar na prateleira das ideias feitas. A existência de importantes civilizações e correspondentes ciclos históricos está comprovada e o seu estudo permite afirmar também a originalidade da cultura africana. O império dos Bonrai, a obra do grande sultão Mosso Keita, o poderoso reino de Monumotapa, os de Ife e de Benin, etc. fazem parte de um património histórico destinado a ser confirmado por uma consciência da importancia cada vez maior, na compreensão dos problemas do futuro. A história vem assim explicar, esclarecer e confirmar, os dados da etnografia e da antropologia, e os das ciências estéticas.

A arte foi, naturalmente, por onde o europeu começou a descobrir e a aceitar essa originalidade. Foram os artistas modernos, Matisse, Vlamink, Picasso, Modigliani, Apollinaire e outros, quem, não só chamou a atenção para a verdade profunda da escultura africana, como também integrou o seu ensinamento nas sua próprias concepções estéticas.

Nesta exposição, foi possíveI reunir alguns objectos que vão desde a peça rara (as mais antigas anteriores ao último quarto do século XIX até à colecção de uma arte popular actual, que todavia, não tenha perdido a sua originalidade estética. Acrescentou-se também um certo número de peças que possam dar uma ideia daquilo a que chamaríamos segundo uma terminologia europeia – difícil de aplicar neste caso – artes menores: o trabalho de missanga, a esteira entrelaçada, o trabalho em coiro, os objectos de madeira para uso corrente, etc.; tudo servindo para dar uma ideia do ambiente onde se forjam as formas específicas das diversas civilizações africanas. Trata-se apenas de uma aproximação, de uma chamada de atenção para estes problemas. Dentro do mesmo critério (chamar a atenção) juntaram-se algumas ilustrações de outros tantos aspetos pouco conhecidos: pró-história, arquitetura original, peças difíceis de encontrar, como as de Ife e de Benin, etc. 

Com esta primeira reunião do elementos diversos e dispersos julga o C.U.J. [Clube Universitário de Jazz] proporcionar o ambiente que permita uma mais completa apreciação de folclore musical  africano. Ainda nesto sentido, juntaram-se alguns instrumentos musicais.