Bibliografia

Congresso do I.K.G. Amesterdão

Relatório para a Fundação Calouste Gulbenkian
Outubro de 1981

No dia 9 de Outubro de 1981 houve uma reunião no Goethe Institute de Amesterdão para apresentação de comunicações e realização de performances pelos vários sócios, entre os quais se contavam alguns artistas de reconhecida importância histórica nas artes contemporâneas como Robert Filliou, Spoerri, Gerz, etc.

Eu próprio realizei um comunicação-performance que teve como fulcro principal o problema estético, interdisciplinar e intercultural. Esta “performance” foi propositadamente cantada e falada em português. Apesar disso, a “comunicação” verificou-se e foi recebida calorosamente.

São as seguintes as palavras que o relatório do encontro do I.K.G. dedica a esta intervenção:
“ (…) ERNESTO DE SOUSA CONCLUDED THE AFTERNOON WITH A FIERY SPEECH IN PORTUGUESE LANGUAGE.”

Apesar disso a “comunicação” verificou-se e foi recebida calorosamente.

A reunião de trabalho do I.K.G. efectuou-se na Galeria “de Appel” organização semi-oficial) onde propus para novos sócios os artistas portugueses Alberto Carneiro e Helena Almeida. A proposta foi também apoiada por R. Filliou e J. Gerz e votada por unanimidade.

Outras actividades úteis nesta minha estadia consistiram numa melhor integração no espaço cultural holandês relativo às Artes Visuais e sua organização social, didáctica, etc. Naquele país; nomeadamente, demorada visita aos Museus de Eindhoven e Haia, e Galerias e Museus de Amsterdão, na companhia de técnicos responsáveis e directores; participação em Haia na inauguração da exposição de Emmett Williams, artista do grupo Fluxus com quem me demorei em frutuoso convívio.

Resumindo, parece-me que esta viagem foi muito útil, tendo aumentado a minha experiência e conhecimentos relativos à arte contemporânea, o que foi reforçado também com o contacto com artistas jovens, alguns dos quais me tinham já procurado em Lisboa ou mesmo realizado trabalhos em colaboração com a Galeria Diferença.

Outro facto que me permito salientar é ter iniciado nesta minha viagem um contacto sistemático com artistas portugueses vivendo ou a estudar no estrangeiro, e que são em número apreciável.

As várias reuniões do I.K.G. decorreram num bom ambiente de trabalho, tendo sido eleitos novos corpos gerentes (entre os quais o artista holandês von Graevenitz como presidente); discutida a remodelação dos estatutos e toda uma série de questões relativas aos problemas do artista contemporâneo. O próximo congresso do I.K.G. realizar-se-á em Paris.”

Resta-me agradecer o auxílio dessa Fundação, que nunca me tem faltado neste meu esforço de manter uma presença portuguesa junto de organismos internacionais de projecção e grande expectativa futura como é o caso do I.K.G.

Noutros sectores e independentemente do auxílio da F.C.G. tem sido esta uma das mais vincadas directivas da minha actuação; é o caso das minhas relações com a Unesco, as quais poderão lateralmente interessar ao Serviço de Belas-Artes.